Digitalização do comércio em Goiânia exige preparo: plataformas, segurança e rastreabilidade em foco
Eventos e vendas já migram para plataformas online; cursos e exigência de etiquetas surgem como resposta a riscos
Nos últimos meses, eventos em Goiânia passaram a usar, de forma recorrente, plataformas de venda de ingressos e bilheteria, como Baladapp, Sympla, Guichê Web, Deu a Liga e Ingresso Digital, segundo levantamento de agenda cultural divulgado pelo portal Mais Goiás. Festas, shows e espetáculos em espaços como o Centro Cultural Oscar Niemeyer, Teatro Rio Vermelho e centros de convenções anunciam explicitamente a compra online como canal de acesso, o que evidencia a inserção do comércio de eventos no ambiente digital.
O movimento se reflete também na velocidade de vendas: reportagem do Diário do Estado apontou que a partida entre Vila Nova e Goiás teve mais de 5 mil ingressos comercializados em um único dia, sinalizando demanda por canais eletrônicos de bilheteria que concentram compra e controle de público.
Com esse cenário, duas frentes aparecem como prioridade para comerciantes e organizadores: a capacitação em segurança digital e a rastreabilidade de produtos. Em Goiânia, o Senac Goiás abriu matrículas para um curso de segurança cibernética, conforme noticiado pela redação local — uma oferta que indica atenção ao aumento de ameaças e à necessidade de qualificação para quem atua no comércio eletrônico e em serviços digitais.
Paralelamente, casos de mercado clandestino reforçam a importância de ferramentas de rastreabilidade. A prisão em flagrante do dono de uma distribuidora em Goianira, reportada pelo Mais Goiás, ocorreu após denúncia da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), que constatou grande parte dos frascos expostos como adulterados ou falsificados. A notícia cita ainda dados da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD): 36% das bebidas comercializadas no Brasil seriam falsificadas, movimentando R$ 56,9 bilhões em 2022 e gerando um prejuízo fiscal estimado em R$ 52,9 bilhões por ano.
Como resposta a esse tipo de risco, a própria reportagem destaca a rastreabilidade como ferramenta de combate à falsificação. A legislação citada exige que produtos informem origem, lote, data de produção e identificação do fornecedor por meio de etiquetas, códigos de barras ou QR codes. Esses recursos permitem que cada unidade seja verificada quanto à autenticidade e à procedência antes da compra, oferecendo ao consumidor um mecanismo adicional de segurança.
Na convergência entre comércio digital e produtos físicos, essa tríade — plataformas online, segurança cibernética e rastreabilidade — aparece como elemento estruturante. Plataformas de bilheteria e e-commerces concentram vendas e dados de clientes; isso traz eficiência, mas também requer proteção contra fraudes e ataques digitais, tema que motivou a oferta de formação pelo Senac. Ao mesmo tempo, a rastreabilidade com QR codes e etiquetas integra o fluxo digital ao físico, permitindo ao consumidor consultar informações essenciais e ao comerciante formalizar e comprovar origem e conformidade do produto, como ilustrado pelo caso investigado em Goianira.
Especialistas e órgãos citados nas reportagens consultadas — incluindo a Abrabe, a ABBD e a Delegacia de Goianira — sinalizam, portanto, que a digitalização amplia oportunidades de alcance e de controle, mas impõe responsabilidades adicionais: investir em segurança digital, capacitar equipes para operar e proteger plataformas, e adotar sistemas de rastreabilidade que atendam às exigências legais e protejam o consumidor.
Em um mercado cada vez mais híbrido, onde vendas, atendimento e verificação de produtos transitam entre o físico e o digital, as iniciativas de formação e o uso de tecnologias de rastreio surgem como respostas práticas às vulnerabilidades evidenciadas pelas próprias ocorrências locais.