Loqal

Legado do Iguatemi e novas estratégias aceleram expansão de shoppings na Bahia

19 de ago. de 2025google
Expansão do varejo e centros comerciais na Bahia

Legado do Iguatemi e novas estratégias aceleram expansão de shoppings na Bahia

De um centro pioneiro nos anos 1970 à atuação de grandes administradoras e à chegada de marcas locais, o varejo muda mapa econômico e cultural do estado

A história do varejo em larga escala na Bahia começou a ganhar contornos mais definidos nos anos 1970, quando o então Shopping Iguatemi — hoje chamado Shopping da Bahia — foi inaugurado, marcando a chegada do modelo de centro comercial típico das grandes cidades. O empreendimento fundado por Newton Rique e depois levado adiante pela família Rique transformou-se num marco que, segundo registros sobre a trajetória da família, abriu caminho para outros projetos semelhantes no estado.

No plano contemporâneo, essa tradição se combina com a atuação de redes de administração que concentram múltiplos empreendimentos. Segundo informações associadas à carreira de Renato Feitosa Rique — atualmente presidente executivo do conselho da Allos — o grupo administra mais de 50 shoppings e reúne mais de 15 mil lojas, com fluxo agregado que alcança dezenas de milhões de visitas mensais. Esses números, e o papel de gestão em larga escala, ajudam a explicar a capacidade dos centros comerciais de atrair marcas e investimentos em diferentes cidades baianas.

Na representação institucional que reconheceu a trajetória de Renato Rique, o deputado Emerson Penalva destacou a escala do setor: de acordo com sua fala, os empreendimentos ligados à família e a redes administradas por ela empregam diretamente cerca de 12.000 pessoas e movimentam, segundo a mesma referência, um faturamento aproximado de R$ 1,6 bilhão. Esses dados, apresentados no contexto da homenagem, apontam para a dimensão do varejo em shoppings como gerador de empregos formais e de receita local.

Feira de Santana ilustra a difusão desse modelo fora da capital. O Boulevard Shopping da cidade é citado entre os marcos regionais que consolidaram o formato de centro comercial em polos do interior, alterando rotas de consumo e a dinâmica de emprego. A presença desses espaços também tem impacto cultural: iniciativas vinculadas à família Rique, como o Instituto Newton Rique, são mencionadas como exemplos de investimentos voltados à inclusão de jovens e a patrocínios culturais, mostrando que o desenvolvimento do varejo em grande escala vem acompanhado de ações sociais e culturais.

Ao mesmo tempo, a expansão de shoppings abre espaço para que marcas locais amadureçam e busquem novos terrenos de crescimento. É o caso da Brigadeiria Belga, confeitaria de Feira de Santana que, após 12 anos de atuação e sob nova gestão do Grupo Encanto Regional, estreou na Casacor Bahia e planeja inaugurar em 2025 uma loja em Salvador, com tendência de implantação em shopping center. O projeto previsto envolve cerca de R$ 4 milhões em investimento e expectativa de geração de aproximadamente 60 empregos diretos. A fundadora Luciana de Oliveira permanecerá à frente das criações, enquanto a empresária Myrthes Lavigne, do Grupo Encanto Regional, assume a estratégia de expansão.

Esse movimento — marcas regionais que profissionalizam operações para entrar em shoppings de capitais — altera o mapa do comércio ao combinar identidade local e estrutura de varejo organizada. Por um lado, leva produtos e serviços reconhecidos pelo mercado regional a públicos maiores; por outro, intensifica a competição por espaços dentro de centros geridos por grandes administradoras.

A concentração de gestão e a atração de marcas fazem emergir duas consequências claras: maior formalização e geração de empregos em cadeias que envolvem lojas, shopping centers e prestadores de serviço; e um processo de centralização do espaço comercial em mãos de administradoras que operam em escala nacional. Ambas as tendências estão presentes nas informações sobre a atuação de Renato Rique e da Allos, e nas projeções de crescimento de marcas locais como a Brigadeiria Belga.

Em resumo, o legado do Shopping Iguatemi abriu uma avenida pela qual trafegam hoje grandes redes de administração, investimentos estruturados e novos empreendimentos regionais. O resultado visível é um varejo mais concentrado e profissionalizado, com efeitos diretos na geração de empregos formais e em iniciativas culturais e sociais patrocinadas por grupos do setor — elementos que ajudam a redesenhar a economia do comércio em Salvador, em Feira de Santana e em outras cidades baianas.