Operação no Rio do Peixe evidencia impactos do garimpo ilegal sobre a economia local e o comércio ambulante
Uma operação da Polícia Militar Ambiental em 11 de agosto no Rio do Peixe, em Santa Cruz de Goiás, trouxe à tona não só a apreensão de equipamentos e pessoas, mas também a amplitude dos efeitos que o garimpo ilegal pode exercer sobre a economia regional, especialmente sobre atividades informais como o comércio ambulante.
Segundo relatório do próprio Batalhão Ambiental, a ação inutilizou uma balsa e resultou na apreensão de uma caminhonete Toyota Hilux, um motor, uma canoa e diversos materiais usados na extração mineral; cerca de três gramas de ouro em pó foram recolhidos no local. Seis suspeitos foram detidos e encaminhados à Polícia Federal para continuidade das investigações, sinalizando tratamento da ocorrência como parte de uma estrutura criminosa mais ampla.
Os dados levantados pelo Batalhão Ambiental referentes ao primeiro quadrimestre de 2025 reforçam a dimensão do problema: de janeiro a abril o batalhão desativou nove pontos ativos de exploração ilegal em quatro municípios e prendeu 130 pessoas, entre adultos e adolescentes. Para as autoridades mencionadas nas reportagens, esses números apontam para um avanço expressivo da prática criminosa na região mineralmente rica.
Especialistas ouvidos nas matérias alertam que a extração sem licenciamento provoca danos ambientais severos — desmatamento, assoreamento dos rios e contaminação das águas por metais pesados — e que esses danos tornam a recuperação das áreas degradadas mais difícil. A organização Greenpeace é citada com dados nacionais que mostram a dimensão do fenômeno: em Terras Indígenas o garimpo ilegal já destruiu mais de 4.200 hectares de floresta, informação que pressionou autoridades a manterem fiscalização constante.
Esses impactos ambientais têm repercussões econômicas diretas e indiretas. A contaminação e o assoreamento dos cursos d’água prejudicam a pesca local e reduzem a disponibilidade de recursos hídricos de qualidade para irrigação, atividades que sustentam parte da produção agrícola e a oferta de alimentos em mercados e feiras. Quando a oferta cai ou a qualidade é comprometida, vendedores ambulantes e outros comerciantes informais sentem redução de clientela e de renda, uma vez que dependem da circulação de pessoas e de produtos frescos para sobreviver.
Além disso, o desmatamento e a alteração de paisagens fluviais afetam o potencial turístico de rios e áreas naturais. Menos visitantes significam menor movimento em praças, feiras e pontos de venda ambulante, reduzindo ganhos para trabalhadores informais cujas atividades são sensíveis a fluxos de público. Nas matérias consultadas, especialistas vinculam explicitamente a degradação ambiental provocada pelo garimpo à dificuldade de recuperação das áreas, o que prolonga e agrava esses efeitos econômicos.
Do ponto de vista da segurança e dos custos públicos, a interrupção de operações ilegais exige mobilização policial e ações de fiscalização contínuas. O envio de suspeitos à Polícia Federal e a desativação de múltiplos pontos pelo Batalhão Ambiental ilustram que o enfrentamento do garimpo exige recursos humanos e logísticos constantes; nas reportagens, essa demanda é apresentada como uma pressão adicional sobre a administração pública local e estadual.
As matérias também permitem deduzir riscos ligados ao mercado clandestino do ouro: embora não detalhem rotas específicas, a remessa de detidos à Polícia Federal aponta para investigações sobre cadeias de comercialização que podem extrapolar o município onde a extração é feita. Essas cadeias, quando informais e opacas, tendem a distribuir ganhos de forma desigual, enquanto os custos ambientais e sociais ficam concentrados nas comunidades locais, incluindo municípios vizinhos.
É importante notar que a região abriga iniciativas culturais e eventos públicos que dependem de infraestrutura e de um ambiente relativamente preservado. Por exemplo, Bela Vista de Goiás integra esse território e recebe projetos como a Orquestra Portátil, apoiada por instituições como o Instituto Casa do Choro e a Transpetro, conforme outra reportagem. A manutenção dessas atividades culturais e o potencial de atrair público podem ser afetados indiretamente pela degradação ambiental e pela insegurança gerada por atividades ilegais na região.
Nas notícias consultadas, as medidas já adotadas — desativação de pontos de extração, apreensões e encaminhamento de suspeitos à Polícia Federal — são apontadas como parte do esforço das autoridades para conter o garimpo clandestino. Especialistas e organizações citadas salientam, no entanto, que a persistência do problema exige fiscalização constante, ações de bloqueio e programas de recuperação ambiental, além de políticas voltadas à regularização e alternativas econômicas para as comunidades impactadas.
Em resumo, as operações no Rio do Peixe mostram que os efeitos do garimpo ilegal vão além das apreensões imediatas: a degradação ambiental documentada por especialistas e por dados citados nas matérias tem potencial de reduzir a produção agrícola e pesqueira, enfraquecer o turismo e diminuir a renda de vendedores ambulantes e pequenos comerciantes, enquanto amplia custos públicos com fiscalização e recuperação.