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Morte de gari em BH coloca em foco riscos e falta de protocolos para coletores de lixo

19 de ago. de 2025google
Segurança de coletores de lixo em Belo Horizonte

Morte de gari em BH coloca em foco riscos e falta de protocolos para coletores de lixo

O assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, baleado durante o trabalho em Belo Horizonte, reacendeu o debate sobre a exposição e a vulnerabilidade dos trabalhadores responsáveis pela limpeza urbana. Segundo o boletim de ocorrência e o depoimento da motorista do caminhão de coleta, Eledias Aparecida Rodrigues, ela foi ameaçada pouco antes do crime enquanto a equipe fazia a varrição e recolhia o lixo na rua Modestina de Souza.

De acordo com o relato registrado à polícia, um veículo utilitário esportivo da marca BYD parou no sentido contrário à equipe de coleta. A motorista disse que, de dentro da cabine, informou ao condutor que havia espaço para a passagem. Em um dos relatos presentes nas matérias consultadas, testemunhas afirmaram que o empresário que conduzia o veículo teria proferido ameaça e, em seguida, efetuado disparos que atingiram Laudemir. O gari foi levado a uma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos.

Há diferenças nas versões noticiadas: as reportagens citam o depoimento da motorista e o boletim de ocorrência apontando ameaça antes do disparo, enquanto o homem apontado como suspeito, segundo as mesmas matérias, negou envolvimento e afirmou que não passou pelo local. Essas divergências constam nas apurações publicadas pelas equipes jornalísticas citadas.

As empresas vinculadas ao caso também se manifestaram. A Localix Serviços Ambientais, empregadora do gari, divulgou nota afirmando que presta apoio à família. A Fictor Alimentos LTDA, citada nas apurações como empresa onde o executivo apontado trabalhava, emitiu comunicado confirmando o desligamento do profissional e dizendo repudiar o episódio. Essas manifestações públicas constam nas reportagens que cobriram o caso.

Nos textos consultados não há detalhamento sobre protocolos formais de proteção adotados pela prefeitura de Belo Horizonte, pelas empresas contratantes ou pela própria empresa prestadora de serviço de limpeza a respeito de escoltas, mudanças de horários, comunicação prévia em pontos de coleta ou treinamentos específicos para lidar com agressões nas ruas. Tampouco as matérias trazem informação de que medidas emergenciais de proteção à equipe estavam em vigor no local no momento do crime.

O caso se insere em um contexto urbano marcado por episódios recentes de violência registrados em Belo Horizonte e região metropolitana, incluindo confrontos armados e trocas de tiros relatados em ocorrências atendidas pela Polícia Militar. Relatos policiais publicados nas matérias consultadas descrevem situações nas quais agentes e civis foram atingidos ou sofreram tentativas de ataque, mostrando um ambiente no qual trabalhadores que atuam nas ruas podem ficar expostos a riscos elevados.

Especialistas, sindicatos ou fontes oficiais municipais não foram citados nas matérias reunidas para esta apuração com propostas concretas de mudanças nos procedimentos de coleta ou de proteção aos agentes de limpeza. O que se documenta publicamente até o momento, segundo as reportagens, são as versões apresentadas pelas testemunhas, o registro policial, o atendimento a vítimas e as notas das empresas envolvidas.

O episódio evidencia duas questões apontadas nas próprias apurações: a exposição direta de garis e motoristas de coleta a conflitos de trânsito e a agressão física e a necessidade de esclarecimento sobre responsabilidades dos contratantes e da administração municipal quanto à segurança desses trabalhadores. As matérias consultadas registram a investigação policial em curso e as manifestações das empresas, mas não trazem informação sobre mudanças imediatas em protocolos de segurança ou sobre orientações oficiais para as equipes de limpeza urbana.

Enquanto a apuração policial prossegue, ficam evidentes as perguntas que as reportagens colocaram: que medidas concretas foram ou serão tomadas pelos empregadores e pela prefeitura para reduzir a exposição de coletores de lixo a agressões; que treinamentos e canais de comunicação existem para que motoristas e garis possam sinalizar risco; e como será feita a prevenção em locais em que a circulação de veículos e pessoas cria tensões que podem resultar em violência.