Loqal

Rotas de Integração Sul‑Americana miram Pacífico, mas histórico do PAC e falta de ferrovias aparecem como entraves

19 de ago. de 2025google
Rotas de Integração Sul‑Americana e o deslocamento do comércio ao Pacífico

Rotas de Integração Sul‑Americana e o deslocamento do comércio ao Pacífico

O governo federal apresentou em audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR) o projeto Rotas de Integração Sul‑Americana, que reúne 190 obras no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e prevê cinco rotas para facilitar o escoamento da produção brasileira via Oceano Pacífico. A intenção, segundo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, é aproximar o Brasil de mercados asiáticos e reduzir distâncias comerciais, utilizando portos da Colômbia, do Peru e do Chile.

Na exposição, a ministra afirmou que o plano busca não só o transporte de produtos, mas também a circulação de pessoas e maior integração regional: "Queremos chegar numa integração regional que fale não só de comércio, mas ter uma rota mais rápida e mais próxima da Ásia", citou Tebet, ao listar destinos como China, Índia, Vietnã, Singapura, Hong Kong, Bangladesh e Japão.

Apesar das metas ambiciosas, a audiência também deixou em evidência riscos logísticos já observados em versões anteriores do PAC. O senador Jorge Seif (PL‑SC) destacou o histórico de execução do programa: segundo ele, menos de 25% das obras previstas em edições anteriores chegaram a ser concluídas, o que alimenta preocupação sobre a capacidade de implementar o novo conjunto de projetos.

Outro ponto levantado foi a dependência de malhas ferroviárias para transformar a proposta em rotas operacionais. O senador Jaime Bagattoli (PL‑RO) afirmou que "as ferrovias são o grande gargalo da infraestrutura no Brasil" e citou a ferrovia Porto Velho–Guajará‑Mirim como exemplo histórico de grande obra de infraestrutura. Bagattoli também destacou que a legislação ambiental e os processos de licenciamento são fatores que dificultam hoje a construção de novas linhas férreas.

Do lado do governo, houve reconhecimento do esforço em atrair recursos para infraestrutura. O senador Jayme Campos (União‑MT) registrou esse esforço e pediu que as decisões não sejam confundidas com questões partidárias, apontando que há avanços no planejamento e investimentos recentes.

Na soma das falas da audiência, os principais desafios explicitamente apontados foram a baixa taxa histórica de conclusão de obras do PAC, a necessidade de ferrovias capazes de ligar áreas produtoras a portos do Pacífico e os entraves relacionados a licenciamento ambiental. O projeto aposta que, com as cinco rotas previstas e o uso de portos na Colômbia, no Peru e no Chile, será possível aproximar fluxos comerciais brasileiros dos mercados asiáticos; parlamentares, porém, ressaltaram que as experiências anteriores do PAC e as barreiras regulatórias exigem atenção.

Em síntese, a proposta das Rotas de Integração Sul‑Americana abre caminho para uma reconfiguração dos fluxos comerciais do Brasil em direção ao Pacífico, mas, conforme os participantes da audiência, sua viabilidade dependerá da capacidade de execução das obras previstas e da superação dos entraves à expansão da malha ferroviária e aos processos ambientais.