Alta do aluguel em BH empurra redes a repensar pontos comerciais e usar mapas para reduzir riscos
Valorização dos preços e rentabilidade baixa combinam-se para alterar a equação de custo de franquias e lojistas em Belo Horizonte
O preço médio do aluguel residencial em Belo Horizonte fechou julho em R$ 47,24 por metro quadrado — alta de 0,83% em relação a junho e de 9,49% em 12 meses —, segundo reportagem que detalhou a evolução do mercado na capital. Bairros como Savassi e Santo Agostinho aparecem com valores acima de R$ 67/m², e o bairro Serra registrou aumento anual de 32,7% entre os mais expressivos.
Ao mesmo tempo, a rentabilidade anual do aluguel na cidade é relativamente baixa: 5,12%, índice que figura como o quarto menor entre 36 cidades pesquisadas. Esses dois fatores — preços em alta e retorno sobre aluguel reduzido — reconfiguram a lógica de custos para quem atua no varejo e para franqueadores que buscam expandir operações em Belo Horizonte.
Fontes do setor ressaltam que, diante de um mercado residencial valorizado, a decisão sobre o ponto comercial passa a incorporar com mais peso o custo de ocupação e a previsibilidade de fluxo de clientes ao longo do dia. No caso das redes de franquia, há um movimento explícito de adaptação: a Chiquinho Sorvetes, por exemplo, anunciou plano para abrir 30 novas unidades em Belo Horizonte e descreveu a prática de escolher endereços com base em ferramentas geográficas que mapeiam renda per capita, número de habitantes e fluxo de pessoas.
Segundo a rede, esses critérios servem para minimizar riscos de investimento em locais com custo de ocupação elevado. A Chiquinho também diversifica formatos — lojas de rua, shoppings, quiosques internos e externos — com investimentos iniciais que variam conforme o modelo, informou a empresa. A abordagem concentra-se em colocar a operação onde haja atração de clientes durante todo o dia, reduzindo a dependência exclusiva de bairros centrais e mais caros.
A combinação entre preços médios elevados em microáreas e rentabilidade baixa ajuda a explicar por que franqueadores preferem alternativas ao investimento direto em imóveis para renda: em vez de comprar ou alugar grandes pontos com risco concentrado, muitas redes ampliam presença via franquias, formatos compactos ou implantação em shoppings e centros já consolidados, onde o custo pode ser diluído pela circulação de público e serviços compartilhados.
O ambiente também estimula o uso de dados e geotecnologia na seleção de locais. O método relatado pela franqueadora — cruzar indicadores socioeconômicos com fluxo de pessoas — passa a ser uma ferramenta central para avaliar a viabilidade de cada ponto diante da pressão dos aluguéis residenciais nas áreas mais valorizadas da cidade.
Por fim, a presença crescente de eventos setoriais e feiras de franquia no município, que reúnem marcas e potenciais investidores, ajuda a canalizar esse movimento de expansão por modelos menos intensivos em custo fixo de imóveis, oferecendo alternativas de entrada e apoio ao franqueado na gestão e na escolha do ponto.
Fontes citadas: dados sobre preços e rentabilidade do aluguel e contexto econômico da capital; declarações e estratégia da rede Chiquinho Sorvetes; indicadores setoriais apresentados em eventos de franquia.