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Bombeiros do DF enfrentam vento, reativações e limitações logísticas no combate a incêndios em São Sebastião e Lago Norte

19 de ago. de 2025google
Bombeiros do DF e desafios no combate a incêndios em São Sebastião e Lago Norte

Bombeiros do DF enfrentam vento, reativações e limitações logísticas no combate a incêndios

Em episódios recentes de incêndio em vegetação no Distrito Federal, registrados em São Sebastião e no Lago Norte, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) deslocou viaturas, equipes e a aeronave conhecida como Nimbus, mas esbarrou em fatores operacionais que dificultaram o controle das chamas.

No caso registrado próximo ao Residencial Jardim Mangueiral, em São Sebastião, o CBMDF informou que iniciou o combate às chamas às 12h50 com quatro viaturas e com a aeronave Nimbus. A própria corporação detalhou que a aeronave tem capacidade para armazenar até 3.000 litros de água, que podem ser lançados de uma só vez ou de forma fracionada, e que chegou a ser reabastecida antes de retornar ao local para novas ações de combate.

As equipes empregaram, segundo o CBMDF, abafadores, sopradores, bombas costais e outros equipamentos durante o ataque ao fogo. O capitão Charles Palomino, oficial de informação pública do CBMDF, destacou que a proximidade das chamas à Subestação Jardins Mangueiral não resultou em danos porque a área estava bem acerada — uma medida preventiva que, conforme ele explicou, protege edificações críticas quando corretamente executada.

O capitão Palomino também apontou o vento intenso como um dos principais entraves ao controle do incêndio, lembrando que rajadas alimentam e espalham o fogo. Em contexto mais amplo, a corporação registrou alta demanda: somente no sábado anterior foram contabilizados 65 incêndios em vegetação, totalizando mais de 4,5 milhões de metros quadrados queimados, segundo levantamento operacional do próprio CBMDF.

Em outro episódio, no Lago Norte, moradoras relataram que um incêndio em área próxima a construções voltou a se intensificar no período da tarde e que chegaram a ligar aos bombeiros cerca de 20 vezes a partir do momento em que o fogo recomeçou. Essas mesmas moradoras disseram que, inicialmente, os bombeiros tinham avaliado a situação como controlada. Em nota, o CBMDF, porém, informou que foi acionado às 18h45 e, ao chegar, encontrou vegetação alta em chamas; duas guarnições permaneceram no local em prevenção, utilizando água e espuma.

Há, portanto, uma divergência explícita entre relatos de moradores — que descrevem ligações repetidas e uma reativação do fogo no meio da tarde — e o registro oficial de acionamento do CBMDF. Essa diferença de versões torna difícil precisar, com os dados disponíveis, até que ponto o tempo entre os primeiros alertas dos moradores e a chegada das equipes influenciou o curso das chamas. O registro do horário de acionamento e as comunicações internas são elementos centrais para avaliar eventuais atrasos, mas, neste caso, as informações públicas são contraditórias.

Do ponto de vista logístico, a utilização da aeronave Nimbus ilustra ganhos e limites operacionais: a capacidade de lançamento de até 3.000 litros permite ações de grande impacto em áreas extensas, mas a necessidade de reabastecimento, explicitada pelo CBMDF, implica interrupções na presença aérea sobre o teatro de operações. Essas interrupções, somadas a vento forte e à característica da vegetação — seca e de fácil propagação —, reduzem a janela de eficácia do combate direto ao fogo.

Os relatos também ressaltam a importância de medidas preventivas próximas a infraestrutura crítica. O capitão Palomino citou o aceiro ao redor da subestação como fator que evitou danos maiores, reforçando a orientação aos moradores de áreas rurais para manterem aceiro ao redor de edificações, galinheiros e currais.

Sobre integração entre órgãos em ocorrências simultâneas ou próximas a instalações sensíveis, as informações disponíveis não detalham rotinas de coordenação com outras forças — como segurança pública ou serviços de energia — além da referência à proteção preventiva das subestações. A ausência dessas informações públicas limita uma avaliação mais ampla sobre articulação interinstitucional no atendimento a emergências complexas.

Em síntese, os episódios em São Sebastião e no Lago Norte, conforme registros do CBMDF e relatos de moradores, expõem um conjunto de desafios: a necessidade de manter recursos suficientes frente a múltiplos focos (o CBMDF registrou alta de incêndios em curto período), a limitação operativa imposta por reabastecimentos de aeronaves como a Nimbus, a influência decisiva do vento e da vegetação seca sobre a propagação do fogo, e lacunas na transparência de registros e comunicações que geram versões conflitantes sobre tempos de acionamento. Esses elementos, combinados, ressaltam a pressão sobre a capacidade de resposta e a importância de medidas preventivas e de documentação clara dos atendimentos para aprimorar a gestão de riscos.