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Cobertura biométrica em João Monlevade é de 67%: implicações para acesso a eGov Ouro e descontos em consignados

19 de ago. de 2025google
Biometria em João Monlevade e impacto na identidade digital

Cobertura biométrica em João Monlevade é de 67%: implicações para acesso a eGov Ouro e descontos em consignados

O Cartório Eleitoral de João Monlevade informa que 67% do eleitorado do município já tem as digitais cadastradas no banco de dados, segundo a chefe da unidade, Hortência Carvalho. Com um total de 60.277 eleitores, isso deixa cerca de 19,8 mil pessoas sem biometria. A Justiça Eleitoral estabelece a meta de 85% de cobertura; para atingi‑la seriam necessários, na prática, mais cerca de 10,8 mil cadastramentos.

Além do objetivo institucional de segurança do processo eleitoral — reforçado pela própria Hortência Carvalho, que afirma que a biometria impede que alguém vote em lugar de outra pessoa — o Cartório destaca efeitos diretos da ausência de cadastro na vida digital e financeira dos cidadãos. Conforme a própria chefe da unidade, o registro das digitais é demandado para obter o nível Ouro na conta eGov e para conseguir abatimentos em empréstimos consignados.

Esses dois pontos são centrais para entender impactos práticos. O eGov Nível Ouro corresponde a um nível de autenticação mais robusto em serviços digitais do governo, e sua exigência por alguns serviços significa que quem não tem biometria pode ficar impedido de acessar ou de confirmar operações que dependem dessa verificação. Do mesmo modo, a preferência por comprovação biométrica em concessões ou bonificações de crédito consignado — mencionada pelo Cartório — indica que a falta do cadastro pode afetar condições financeiras oferecidas a pensionistas, aposentados e servidores que recorrem a esse produto.

O Cartório orienta formas práticas de verificação e de regularização: o cidadão pode checar se tem a biometria pelo aplicativo eTítulo — se a foto do eleitor aparecer no app, as digitais já constam no sistema; caso contrário, deve procurar o cartório. Em alguns casos, foto e digitais podem ter vindo de outros bancos de dados, como o Detran, mas a verificação pessoal é recomendada. O cadastramento é gratuito, exige apenas documento de identificação com foto e pode ser feito em qualquer cartório do estado de Minas Gerais, não necessariamente no domicílio eleitoral. Também é possível agendar atendimento pela plataforma TítuloNet e pelo portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Cartório de João Monlevade funciona na rua Florianópolis, 181, bairro Carneirinhos, de segunda a sexta, das 12h às 17h.

Há, contudo, barreiras práticas que o próprio Cartório aponta: eleitores com pendências junto à Justiça Eleitoral relativas a pleitos anteriores precisam regularizar sua situação antes de conseguir o cadastramento. Além disso, horários de atendimento e questões logísticas podem limitar a procura. Para mitigar esses obstáculos, a Justiça e o Cartório têm adotado medidas de mobilização: avisos em transporte coletivo e repartições públicas, comunicados lidos em missas e ações em escolas. O Cartório citou, por exemplo, o cadastro de 73 estudantes da Escola Estadual Manoel Loureiro como parte dessas atividades.

O calendário oficial lembrado pelo Cartório prevê que a coleta da biometria e as transferências de local de votação para as eleições de 2026 ocorram até 5 de maio do ano que vem; quem perder esse prazo só poderá se cadastrar nas eleições de outubro, mesmo que necessite com urgência de serviços que demandem impressões digitais. Essa limitação temporal torna a mobilização local relevante não apenas para fins eleitorais, mas também para a inclusão digital e financeira imediata de parte da população.

Do ponto de vista do comércio eletrônico e de serviços que exigem identificação robusta, o próprio reforço da segurança mencionado pelo Cartório sinaliza dois efeitos práticos. Por um lado, o avanço da cobertura biométrica pode facilitar a adoção de níveis de autenticação mais fortes em serviços públicos e privados, o que tende a beneficiar operações que exigem confiança elevada — por exemplo, contratos digitais, concessão de crédito e movimentações com dados sensíveis. Por outro lado, enquanto parcela relevante da população permanecer sem biometria, haverá uma lacuna de identidade digital que pode excluir cidadãos de privilégios vinculados ao cadastro (como o eGov Ouro ou abatimentos em consignados) e criar barreiras para empresas que queiram oferecer produtos digitais com verificação biométrica como requisito.

Em resumo, os dados do Cartório Eleitoral de João Monlevade mostram que a cobertura biométrica ainda está aquém da meta estabelecida pela Justiça Eleitoral. A situação traz consequências concretas para o acesso de moradores a camadas mais seguras de identificação digital e a benefícios financeiros dependentes desse tipo de verificação. A burocracia remanescente, os horários de atendimento e as pendências eleitorais são obstáculos citados publicamente pela chefe do Cartório, e as ações de mobilização em igrejas, transportes e escolas têm sido as estratégias locais para acelerarar adesões antes do prazo definido pela Justiça Eleitoral.