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Escalada de furtos em supermercados mobiliza segurança privada, polícia e tecnologia

21 de ago. de 2025google
Escalada de furtos em supermercados mobiliza segurança privada, polícia e tecnologia

Escalada de furtos em supermercados mobiliza segurança privada, polícia e tecnologia

Uma série de episódios recentes, que vai desde a tentativa de furto de cosméticos por um policial militar em Porto Alegre até a prisão de um homem que tentou levar picanha em um supermercado do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, tem colocado em evidência a necessidade de medidas mais robustas de prevenção e de coordenação entre segurança privada e forças policiais.

No caso de Porto Alegre, imagens de câmeras analisadas pela Brigada Militar mostram um tenente andando por um corredor, colocando frascos de creme hidratante dentro da roupa e tentando deixar o estabelecimento sem pagar. Segundo a corporação, a equipe de segurança do supermercado percebeu a ação, abordou o homem no estacionamento e acabou fazendo com que ele retornasse ao caixa para pagar pelos produtos. A Brigada Militar informou que abriu investigação policial e administrativa e afastou o agente das atividades enquanto os procedimentos correm, e os advogados de defesa afirmaram que só vão se manifestar após acesso integral ao inquérito.

Em outro episódio que ilustra o padrão de alvos, um homem foi preso em flagrante em Osório após tentar furtar três peças de picanha embaladas a vácuo — 3,65 kg avaliados em R$ 308 — em um supermercado às margens da BR-101. A Brigada Militar local relatou que o suspeito foi detido ainda dentro do estabelecimento pelos seguranças, que aguardaram a chegada da guarnição do 8º Batalhão de Polícia Militar. Após atendimento para laudo médico na Unidade de Pronto Atendimento, o caso foi encaminhado à Delegacia de Polícia de Osório, onde o crime de furto foi registrado.

Esses episódios coincidem com relatos de especialistas em segurança patrimonial e autoridades policiais de que furtos de produtos de alto valor, como cortes especiais de carne, têm sido frequentes. Para enfrentar a prática, empresas e forças de segurança têm reforçado medidas como instalação de câmeras de alta resolução, vigilância intensificada e protocolos de abordagem. O Comando Regional de Polícia Ostensiva do Litoral (CRPO-L) destacou que ações rápidas e integradas entre seguranças privados e policiamento ostensivo são essenciais para prevenir prejuízos ao comércio e aumentar a sensação de segurança de clientes e trabalhadores.

Os episódios também mostram que a segurança do entorno dos supermercados é um ponto vulnerável. Em Foz do Iguaçu, o caso de uma professora rendida no estacionamento de um supermercado e levada para uma área de mata levou a Polícia Civil a analisar imagens de câmeras do próprio estabelecimento na tentativa de identificar os suspeitos. A investigação reforça a importância de monitoramento não apenas no interior das lojas, mas também em áreas externas, entradas e estacionamentos.

A sequência de ocorrências evidencia três pontos recorrentes: a preferência por itens de alto valor que podem ser rapidamente comercializados, a importância da atuação imediata de equipes de segurança privada para deter autores e preservar provas, e a dependência das imagens de vigilância como elemento central nas investigações e responsabilizações. Nos casos em que o autor é servidor público, como no episódio envolvendo o policial militar, além das consequências criminais podem tramitar procedimentos administrativos internos na corporação.

Proprietários de supermercados e especialistas consultados pelas reportagens ressaltam que a combinação de tecnologia, treinamento das equipes e integração com as forças policiais tem se mostrado a estratégia mais eficaz no curto prazo. Ao mesmo tempo, as intervenções implicam custos operacionais e práticas que variam conforme o porte do estabelecimento e a capacidade de investimento em segurança.

Enquanto as investigações seguem, as decisões tomadas por redes de supermercado e pelos órgãos policiais — da abordagem imediata por seguranças até o registro de flagrante e a abertura de inquéritos administrativos — desenham um cenário em que prevenção, repressão e responsabilização caminham integradas para tentar frear uma sequência de crimes que, segundo especialistas, têm se repetido em diferentes regiões do país.