Festas de Agosto em Montes Claros elevam vendas no centro; periferia recebe menos benefícios, dizem sindicatos
Bares, restaurantes e hotéis registram alta de 10% a 15%; Mercado Municipal tem pico de consumo
As festividades de agosto em Montes Claros — incluindo a tradicional 184ª edição das Festas de Agosto e o 45º Festival Folclórico — têm efeito claro sobre o comércio local, mas com distribuição desigual dos ganhos. Segundo o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Montes Claros e Norte de Minas (SECHONORTE), Tarcísio Edmar Figueiredo Rosa, o movimento costuma provocar um aumento de 10% a 15% no faturamento de bares, restaurantes e hotéis durante o período de cortejos e apresentações.
O Mercado Municipal, que a gestão municipal tenta resgatar como ponto turístico e de consumo, também registra um desempenho acima da média: Glenn Andrade, secretário de Aceleração Econômica do município, estimou aumento de cerca de 20% no consumo durante as festividades, com visitação intensa nos fins de semana. No comércio de rua, o crescimento é mais modesto e segmentado, variando de aproximadamente 7% a 10% em setores específicos, conforme levantamento citado pela prefeitura.
As vantagens econômicas, porém, não alcançam toda a cidade de forma homogênea. Tarcísio, do SECHONORTE, ressalta que o acréscimo de vendas e de fluxo de clientes concentra-se sobretudo nos estabelecimentos próximos ao centro e ao percurso dos cortejos — onde há maior circulação de moradores e visitantes — enquanto áreas periféricas registram ganhos bem menores.
Do ponto de vista do emprego, a temporada cultural também movimenta contratações temporárias. O advogado do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio (Sincomerciários), Sidney da Silva Maia, afirmou que o período costuma gerar cerca de 10% mais contratações, abrangendo lojas e demais estabelecimentos comerciais. Apesar do efeito positivo na geração de renda, Maia destacou que o sindicato tem recebido queixas recorrentes sobre jornada excessiva e trabalho sem registro, pontos que o Sincomerciários diz acompanhar e para os quais vem tomando medidas.
Além dos impactos diretos no varejo e na gastronomia, a programação cultural da cidade no calendário de agosto não se restringe às ruas: uma exposição em homenagem a uma personalidade da comunicação local, realizada no Montes Claros Shopping entre 13 e 19 de agosto, integra a agenda cultural do período e amplia as alternativas de atração de público para além dos cortejos. A iniciativa no shopping, gratuita e com ações de acessibilidade, complementa o circuito de eventos que movimentam consumidores e visitantes na cidade.
Em um contexto mais amplo do empreendedorismo local, dados da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg) apontam que Montes Claros figurou entre os municípios com formalizações recentes — 261 novas empresas em julho e 1.558 no acumulado do ano, segundo reportagem que divulgou os números — evidenciando um ambiente de negócios em expansão que pode, em tese, ampliar a capacidade de oferta de serviços ligados ao turismo e ao consumo em períodos de pico.
Sobre ações explícitas de promoção, segurança e mobilidade para aproveitar o fluxo turístico cultural, as informações disponíveis nas reportagens consultadas são pontuais: a prefeitura destaca esforços de promoção do Mercado Municipal como atrativo e registra aumento do fluxo aéreo no período, mas não há na cobertura dados detalhados sobre medidas operacionais de segurança, acessibilidade ou logística de mobilidade adotadas especificamente para as festas. Por outro lado, sindicatos e representantes do setor privado acompanham a movimentação e apontam tanto oportunidades quanto riscos relacionados à informalidade e à jornada de trabalho.
Em síntese, as Festas de Agosto e o Festival Folclórico reforçam a sazonalidade positiva para segmentos ligados a alimentação, hospedagem, comércio central e ao Mercado Municipal, com aumentos quantificados nas matérias consultadas: 10% a 15% em bares, restaurantes e hotéis; cerca de 20% no Mercado Municipal; e 7% a 10% em partes do comércio de rua. Ao mesmo tempo, as benesses concentram-se geograficamente no centro e no trajeto dos eventos, e sindicatos alertam para condições de trabalho que exigem atenção durante a expansão temporária do mercado.