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Leilão Via Liberdade (Ouro Preto–Mariana) promete R$ 5 bilhões, mas entraves podem postergar ganhos para comércio local

19 de ago. de 2025google
Via Liberdade e impactos no comércio regional

Leilão Via Liberdade e o que isso muda para o comércio entre Ouro Preto e Mariana

O lote conhecido como Via Liberdade, antigo trecho Ouro Preto–Mariana, está no centro de uma aposta do governo de Minas Gerais para atrair investimentos em infraestrutura e melhorar a logística regional. Segundo o secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno, em entrevista ao Diário do Comércio, o projeto envolve cerca de R$ 5 bilhões em investimentos: R$ 2 bilhões viabilizados pelo Acordo de Reparação da Bacia do Rio Doce e R$ 3 bilhões previstos a serem aplicados pela concessionária vencedora.

O governo estadual programou o leilão do lote para o dia 18 de setembro e inclui o trecho em um pacote maior: a expectativa oficial é leiloar cinco lotes rodoviários até o fim de 2026. Para o secretário, a estratégia de combinar aportes públicos e privados é essencial para tornar Minas um polo de investimentos em infraestrutura e, em consequência, beneficiar cadeias produtivas locais.

Na prática, a requalificação rodoviária anunciada tem potencial para impactar diretamente o comércio entre Ouro Preto e Mariana de três maneiras claras, segundo os dados e interpretações do próprio Executivo: ao reduzir entraves no escoamento de mercadorias, ao facilitar o acesso de turistas à região histórica e ao atrair novos aportes que possam modernizar pontos logísticos e de apoio ao comércio. O Estado já registrou, em 2024, aportes próximos a R$ 2 bilhões em infraestrutura rodoviária via DER-MG e outros R$ 2 bilhões por cinco concessões em operação, cenário que o Executivo usa como base para justificar a escala do Via Liberdade.

Esse possível movimento ganha relevo diante de iniciativas locais que buscam ampliar a atratividade turística e comercial. A Prefeitura de Ouro Preto lançou um Guia Ouro Preto Digital, conforme reportagem do Jornal Voz Ativa, com rotas, mapas interativos e recursos de acessibilidade; a cidade também participa de feiras e eventos nacionais para promover o destino. Em Mariana e Ouro Preto há programação cultural e festivais universitários que movimentam a região, conforme reportagens da Rádio Itatiaia, o que indica demanda por melhor conectividade entre os dois municípios.

Por outro lado, os ganhos anunciados dependem de sequência regulatória e cronogramas que hoje enfrentam riscos. O Diário do Comércio registrou que outro lote (Vetor Norte) teve edital suspenso pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) e que deputados de oposição concordaram em instalar uma mesa de conciliação para discutir a concessão — uma sinalização de que divergências políticas e fiscais podem atrasar certames. O próprio secretário Pedro Bruno afirmou ao veículo que o Estado busca ser propositivo e está aberto ao diálogo para resolver impasses, mas não há garantia de que todos os cronogramas serão mantidos.

Em resumo, o desenho financeiro do Via Liberdade (R$ 5 bilhões, com fatias pública e privada bem definidas) representa uma oportunidade concreta de reduzir custos logísticos e de aprimorar o fluxo de turistas e cargas entre Ouro Preto e Mariana. No entanto, a materialização desses efeitos depende do resultado do leilão marcado para setembro, da capacidade de conciliação com órgãos de controle como o TCE-MG e da execução dos investimentos pela concessionária vencedora. Enquanto o Executivo se mostra otimista, a comunidade empresarial e do turismo local segue atenta: os benefícios estão condicionados à resolução de entraves regulatórios e ao respeito aos prazos anunciados.