Salsicha artesanal e trailers: como um microempreendedor do Noroeste de Minas virou referência para quem quer empreender em Patos de Minas
Inovação no produto, apoio técnico e diversificação de receita aparecem como caminhos concretos para crescer no comércio alimentar
Wellington Gonçalves começou a vender cachorro-quente em um trailer improvisado há cerca de oito anos, motivado pela necessidade de recompor a renda familiar depois que a esposa perdeu o emprego. Serrralheiro de ofício, ele construiu o primeiro mini trailer em uma carretinha-reboque e testou a venda em um evento na rua onde morava. A receptividade ao molho especial e à proposta foi o gatilho para a expansão.
O ponto de virada veio com o contato com o Sebrae Minas e a participação no programa Prepara Gastronomia. Nessas consultorias, Wellington recebeu orientações sobre gestão, finanças e marketing, e trabalhou com o chef Fagner Albergaria para desenvolver uma salsicha própria. O produto evoluiu de uma primeira versão parecida com linguiça para uma salsicha natural diferenciada, hoje demandada pelos clientes.
Com a melhoria do produto e do gerenciamento, o negócio — batizado de Lanchonete do Mamute — ampliou estrutura e serviços. Hoje conta com duas funcionárias fixas e uma freelancer nos fins de semana, cardápio diversificado (sanduíches, pastéis, porções), e capacidade para montar até três trailers com freezers, fritadeiras e chapas. O empreendedor também passou a oferecer locação de brinquedos infantis em eventos, estratégia que, segundo ele, rendeu cerca de R$ 9 mil em um grande evento e mostrou potencial de expansão.
Além da ampliação do leque de produtos e serviços, Wellington buscou um ponto fixo em uma rotatória de grande fluxo, o que mudou a operação de venda eventual para atendimento regular de terça a domingo. Ele relata que o pioneirismo ajudou a atrair outros comerciantes: hoje, 12 negócios de alimentação ocupam espaços públicos na cidade, segundo o relato do próprio empreendedor.
O caso é um exemplo prático de como consultorias técnicas e eventos locais podem catalisar crescimento. O programa Prepara Gastronomia ofereceu não apenas receita, mas orientação para gestão e marketing, fatores que, de acordo com Wellington, também o ajudaram a superar dificuldades pessoais, como timidez, e a profissionalizar o negócio.
O contexto estadual reforça a oportunidade para quem formaliza e busca capacitação: dados da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), mostram que de janeiro a julho houve 69.304 novas empresas em Minas Gerais, alta de 20,8% ante igual período de 2024. No ranking municipal, Patos de Minas aparece com 131 formalizações em julho e 836 no acumulado do ano. Para a secretária Mila Corrêa da Costa, o aumento reflete políticas que favorecem o ambiente empresarial; a presidente da Jucemg, Patricia Vinte Di Iório, atribui o crescimento à simplificação de processos e redução da burocracia.
Do relato do empreendedor e das estatísticas oficiais, podem-se destacar lições práticas e replicáveis para microempreendedores de Patos de Minas interessados em comércio alimentar: apostar na criação de um produto próprio que se diferencie no mercado; buscar capacitação técnica e consultorias (como as oferecidas pelo Sebrae e programas de gastronomia) para aprimorar gestão, finanças e marketing; participar de feiras e festivais como porta de entrada para novos clientes; diversificar fontes de renda (serviço fixo, eventos e aluguel de equipamentos); e considerar a formalização como passo para ampliar oportunidades e segurança jurídica, em um cenário estadual de aumento de aberturas de empresas.
O relato de Wellington também evidencia limites e desafios: operar em equipamentos improvisados expôs a empresa a riscos climáticos e à necessidade de conciliar o trabalho com outras atividades. A solução veio com investimento gradual em estrutura, parceria e apoio técnico. Hoje, além do faturamento maior, o empreendedor destaca ganhos pessoais, como a superação da timidez e a possibilidade de viagens, indicando que a capacitação teve impacto além do caixa.
Para quem deseja seguir caminho semelhante em Patos de Minas, a experiência sugere foco na experimentação controlada (testes em eventos locais), na busca por orientações técnicas para profissionalizar o produto e a gestão, e na diversificação de serviços para aumentar a resiliência do negócio diante de oscilações de demanda.
Referências internas às informações: depoimentos de Wellington Gonçalves sobre a Lanchonete do Mamute e o apoio do Sebrae Minas e do programa Prepara Gastronomia, trabalho conjunto com o chef Fagner Albergaria; dados da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg) e declarações da secretária Mila Corrêa da Costa e da presidente da Jucemg Patricia Vinte Di Iório sobre o crescimento de formalizações no estado.