Loqal

Varejo em alta na Paraíba: João Pessoa cresce, mas enchentes, juros e violência ameaçam o ritmo

19 de ago. de 2025google
Varejo em alta na Paraíba: por que João Pessoa tem crescido e quais riscos ameaçam o desempenho

Varejo em alta na Paraíba: João Pessoa cresce, mas enchentes, juros e violência ameaçam o ritmo

O comércio varejista da Paraíba registrou um avanço expressivo no primeiro semestre de 2025: segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas no acumulado de janeiro a junho subiu 6,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A taxa colocou o Estado como o segundo maior crescimento entre as unidades da federação, atrás apenas de Amapá, e muito acima da média nacional, que foi de 1,8%.

Para o gerente da pesquisa no IBGE, Cristiano Santos, o resultado tem relação direta com a melhora do mercado de trabalho: "mais ocupação, mais renda e avanço da massa salarial" ampliam o poder de compra e impulsionam o varejo, segundo a avaliação oficial do instituto.

O secretário estadual da Fazenda, Marialvo Laureano, atribuiu parte do desempenho a fatores locais de gestão: ele destacou o equilíbrio das contas públicas e a continuidade de investimentos com recursos próprios como determinantes para manter a atividade econômica em expansão, apesar do cenário macroeconômico mais desafiador.

Os números apontados pelo governo e por órgãos oficiais reforçam elementos concretos do resultado: dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), citados pela gestão estadual, mostram saldo de cerca de 9 mil empregos formais no primeiro semestre, alta de 35,73% em relação ao mesmo período do ano anterior. Também foi mencionada a estimativa do IPC Maps para o consumo das famílias na Paraíba em 2025, de R$ 111,7 bilhões, um crescimento de 9,3% sobre 2024.

No plano urbano e comercial de João Pessoa, esses vetores se traduzem em mais movimento nas lojas e em iniciativas que ampliam a oferta. Projetos de incentivo a produtos locais, como a inauguração da loja de produtos da agricultura familiar promovida pela Central Nordestina de Cooperativas, passam a compor o mix de comércio e a fortalecer cadeias curtas de abastecimento, segundo comunicados da própria iniciativa.

Ao mesmo tempo, atores do ecossistema varejista destacam iniciativas de capacitação e gestão que ajudam a sustentar as vendas. O Sebrae/PB, por meio de analistas como Antônio Josivaldo, ressalta a importância da precificação correta — com cursos e consultorias gratuitas disponíveis — como ferramenta para manter margem e competitividade em momentos de maior demanda.

Apesar dos sinais positivos, o próprio diagnóstico oficial e a dinâmica local apontam vulnerabilidades que podem frear o ritmo de expansão do varejo em João Pessoa.

O primeiro risco é macroeconômico: a elevação das taxas de juros e o aperto no crédito tornam o financiamento mais caro, afetando principalmente setores do comércio sensíveis ao crédito e às vendas a prazo. Marialvo Laureano reconheceu que, em um contexto de juros mais altos, alguns segmentos do varejo podem ser impactados, mesmo com o desempenho relativo favorável do Estado.

Em paralelo, há riscos urbanos concretos que têm aparecido nas ruas da capital. Episódios de alagamentos e transtornos causados pela chuva — em pontos como a Avenida Pedro II, a Sanhauá e outras vias centrais — foram relatados junto a alertas do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) sobre possibilidade de acumulado extremo. Relatos locais registraram acúmulo de água, trânsito lento e pontos de drenagem que não suportaram a intensidade das precipitações, situações que interrompem o fluxo de clientes e dificultam o acesso ao comércio.

Incidentes como incêndios em estabelecimentos comerciais (com o Corpo de Bombeiros acionado para controlar chamas) e episódios de violência no Centro de João Pessoa também têm efeito direto sobre a atividade comercial. O assassinato na Praça 1817, em área de grande movimentação de comércio, e a posterior prisão de um suspeito pelas forças de segurança mostram como episódios de insegurança podem assustar consumidores e reduzir o fluxo de pedestres em áreas vitais para o varejo.

Esses riscos locais têm impacto imediato sobre vendas de rua e pequenas lojas, ao mesmo tempo em que expõem a necessidade de políticas públicas que atuem na prevenção: melhorias na drenagem urbana, planos de resposta a eventos climáticos e ações de segurança pública que garantam circulação nos polos comerciais são condicionantes explícitos para preservar o movimento comercial, conforme a descrição dos problemas pelos próprios relatos e alertas oficiais.

No plano das políticas públicas, as declarações do governo do Estado indicam uma estratégia que combina manutenção do equilíbrio fiscal e continuidade de investimentos como forma de sustentar a atividade. A partir do que foi divulgado pela administração estadual, manter essa linha significa preservar a capacidade de investimento em infraestrutura urbana e programas de incentivo ao consumo e ao emprego — fatores que, segundo as autoridades citadas, vêm ajudando o varejo a se descolar do desempenho médio nacional.

Do lado dos comerciantes, as orientações técnicas do Sebrae/PB para gestão de preços e planejamento operacional, juntamente com ações para valorizar produtos locais promovidas por cooperativas, aparecem como medidas práticas que podem ajudar a consolidar ganhos. A combinação de políticas públicas que mantenham investimentos e iniciativas de capacitação empresarial forma um conjunto de fatores que, segundo as fontes oficiais e os agentes locais, será decisivo para a sustentabilidade do crescimento.

Em síntese, João Pessoa e a Paraíba mostram sinais claros de dinamismo do varejo no primeiro semestre de 2025, com emprego, renda e consumo em alta. Porém, o quadro é frágil: a sustentabilidade do avanço dependerá da capacidade de enfrentar riscos macroeconômicos — juros e crédito — e de mitigar vulnerabilidades urbanas e de segurança que já vêm afetando o acesso e o movimento nas áreas comerciais, conforme registram os órgãos oficiais e especialistas citados nas informações públicas sobre o tema.