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Vendas de ônibus elétricos se concentram em São Paulo; Barueri registra apenas uma unidade no 1º semestre de 2025

19 de ago. de 2025google
Eletromobilidade e transporte coletivo em Barueri

Vendas de ônibus elétricos se concentram em São Paulo; Barueri registra apenas uma unidade

Relatório divulgado sobre as vendas de ônibus elétricos no primeiro semestre de 2025, com números da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (Abve), aponta que 306 unidades foram comercializadas no país no período. A Eletra e a BYD lideraram o mercado, respondendo juntas por 65,3% das vendas: 105 ônibus (34,3%) da Eletra e 95 (31,0%) da BYD. Outras marcas presentes nas estatísticas foram Mercedes-Benz (70 unidades, 22,8%), Induscar, Higer, Ankai e VW Truck & Bus.

Os dados também mostram uma forte concentração regional: 275 dessas entregas estão registradas para a cidade de São Paulo. Já cidades da Região Metropolitana e do interior aparecem com números muito menores — entre elas, Barueri, que teve o registro de uma única unidade no primeiro semestre de 2025. As demais cidades com entregas incluíram São Bernardo do Campo (11), Resende e Ribeirão Preto (4 cada), além de Salvador, Goiânia, Campinas, Taboão da Serra e Cariacica, em quantidades menores.

O próprio levantamento, reportado pela imprensa, ressalta que a dinâmica do mercado de ônibus elétricos é distinta da do veículo de passeio: a comercialização costuma ocorrer por lotes atrelados a contratos públicos. Segundo a informação disponível, essa característica dos processos de compra pública e licitações pode gerar períodos em que fabricantes tradicionais não registram vendas — o levantamento cita, por exemplo, que a Marcopolo não registrou vendas no primeiro semestre, mas realizou uma entrega relevante em julho, fora do período apurado.

Para municípios como Barueri, a combinação de elevada concentração de entregas em um único polo urbano e a vinculação das vendas a contratos públicos traz implicações práticas imediatas. A adoção de ônibus elétricos por prefeituras e operadores locais depende não apenas da disponibilidade do veículo, mas do momento e do desenho das licitações que os municípios participam ou promovem. O padrão observado — grandes lotes e entregas centralizadas — pode explicar por que municípios de porte médio registram poucas unidades entregues em períodos curtos.

Além dos ciclos de compras, eventos de grande porte ampliam a pressão sobre a operação dos sistemas de transporte. Em reportagem sobre o festival The Town, o diretor da Rede Nacional Inn, Ricardo Aly, afirmou que eventos que atraem grande público têm impacto imediato sobre toda a mobilidade urbana, elevando a demanda por aeroportos, rodoviárias, táxis e aplicativos de transporte. Essa dinâmica, levantada no contexto de um grande festival em São Paulo, evidencia que picos temporários de demanda podem exigir planejamento adicional dos municípios e dos operadores para acomodar fluxo de passageiros — circunstância que se soma às decisões sobre renovação de frotas e eventual compra de ônibus elétricos.

As informações disponíveis nas matérias consultadas não detalham, porém, a situação concreta da infraestrutura de recarga, os planos de capacitação técnica ou os acordos de manutenção relativos às unidades entregues, tampouco trazem um mapeamento dos fornecedores locais que possam se beneficiar da cadeia de eletromobilidade nas cidades da Região Metropolitana. Ainda assim, a combinação de concentração geográfica das entregas e a vinculação do mercado a processos licitatórios públicos sugere que a transição para frotas elétricas seguirá condicionada a calendários e decisões administrativas regionais.

Em resumo: os números da Abve mostram liderança clara da Eletra e da BYD nas vendas do 1º semestre de 2025 e uma distribuição fortemente concentrada em São Paulo; Barueri aparece com apenas uma entrega registrada no período. O padrão de comercialização por lotes e contratos públicos, identificado nas informações disponíveis, é um fator-chave para entender por que municípios da Região Metropolitana ainda veem penetração limitada de ônibus elétricos em suas frotas, especialmente diante de eventos que elevam a demanda por transporte urbano.