Voos diretos entre Congonhas e Maceió podem redefinir o comércio local ao reduzir a sazonalidade
A ampliação das rotas da Azul Viagens entre o aeroporto de Congonhas (São Paulo) e Maceió, com operação durante todo o ano e aumento expressivo de frequências na alta temporada, surge como um fator imediato de estímulo ao comércio local e à cadeia de serviços ligada ao turismo. Segundo a própria Azul Viagens e a Secretaria de Turismo de Alagoas (Sedetur), a operação passa a incluir 49 voos extras semanais na alta temporada, a abertura de cinco novos mercados emissores no interior (entre eles Bauru, Cascavel e Curitiba) e já registra crescimento superior a 30% no número de passageiros embarcados até julho.
O efeito direto esperado, conforme as informações divulgadas pelos agentes do trade, é o aumento do fluxo de visitantes que já se traduz em mobilização do setor: um megafamtour com cerca de 100 agentes foi promovido pela Azul Viagens para apresentar o destino, com rodada de negócios realizada em Maceió entre representantes da Azul, da Sedetur e operadores locais. O objetivo declarado nessas ações é preparar o mercado para vender pacotes com mais conhecimento e consolidar parcerias que sustentem a oferta durante o ano todo.
Do ponto de vista da hospedagem e do varejo de serviços, há indicadores citados pelas fontes que ajudam a dimensionar o impacto. A permanência média dos turistas em Alagoas é apontada em 6,5 dias, o que amplia a demanda por hospedagem, alimentação, passeios e comércio regional por visitante. Exemplos locais já citados incluem hotéis com estrutura atraente para o público trazido pelos voos diretos — o Vila Galé Alagoas foi mencionado como referência de empreendimento que recebe os agentes do famtour — e espaços de negócios como o Hotel Jatiúca, que acolheu a rodada de parcerias.
Além do aumento do fluxo, medidas fiscais voltadas ao setor podem potencializar o efeito sobre o comércio. O programa Cresce Alagoas e a Associação do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado de Alagoas (Acadeal) destacaram que haverá isenção da Substituição Tributária (ST) do ICMS para cerca de 120 atacadistas nas vendas destinadas a bares, restaurantes, pousadas e hotéis que mantenham a escrituração fiscal em dia. Essa iniciativa deve beneficiar mais de 1.180 estabelecimentos, segundo as informações divulgadas, e, nas palavras do presidente da Acadeal, Almir Rogério, a decisão representa "um respiro para o atacadista do estado" ao permitir ampliar estoque e logística — fatores que, se concretizados, tendem a reduzir custos operacionais e melhorar a competitividade do setor de hospedagem e alimentação.
No curto prazo, portanto, a soma entre maior número de voos, mercados emissores novos e programas de qualificação do trade (como o famtour) tende a elevar ocupação hoteleira, reservas de passeios e consumo em restaurantes e comércio de artesanato e experiências locais. No médio prazo, as fontes citam expectativas de consolidação: a parceria entre Azul Viagens e o governo estadual destaca a necessidade de trabalhar para que os voos se mantenham também na chamada baixa temporada — uma estratégia que, segundo os próprios representantes do setor, visa reduzir a tradicional sazonalidade do destino.
As vozes do setor ressaltam ações que já estão em curso para transformar o aumento de oferta aérea em reação econômica permanente: formação de agentes para vender produtos locais com mais conhecimento, rodadas de negócios entre operadoras e o poder público e estímulos à cadeia de suprimentos que abastece pousadas e restaurantes. Essas medidas, somadas ao crescimento de passageiros reportado, compõem os ingredientes citados pelas fontes para uma mudança estrutural no padrão de demanda por Maceió.
Ao mesmo tempo, as próprias fontes reconhecem o trabalho necessário para consolidar esses avanços. Em declarações veiculadas junto ao trade, reafirma-se que é preciso fortalecer os voos durante a chamada baixa temporada para garantir fluxo contínuo e aproveitar benefícios fiscais e logísticos. A mobilização pública e privada — por meio de parcerias entre Azul Viagens, Sedetur, redes hoteleiras e atacadistas — aparece como condição apontada pelas fontes para que a ampliação das rotas deixe de ser apenas uma mudança pontual e passe a ser fator duradouro de dinamização do comércio local.
Em resumo, as fontes consultadas indicam que a combinação de aumento de oferta aérea, interiorização de mercados emissores, permanência média relativamente longa (6,5 dias) e medidas de apoio à cadeia de abastecimento formam um conjunto de elementos com potencial para reduzir a sazonalidade e ampliar receita na hotelaria, nas agências de viagem e no comércio ligado ao turismo em Maceió — desde que as estratégias de articulação entre setor público e privado se mantenham ativas para assegurar a sustentabilidade dos voos ao longo de todo o ano.