Yduqs compra Unifametro por R$ 62 milhões e amplia consolidação da Wyden no Ceará
Negócio traz cláusula de earn-out ligada a vagas de Medicina e fica sujeito a aprovações regulatórias
A Yduqs informou ter fechado a aquisição integral do Centro Universitário Fametro (Unifametro), com pagamento total de R$ 62 milhões dividido em duas parcelas: R$ 31 milhões à vista e R$ 31 milhões parcelados ao longo de cinco anos, com correção pelo CDI. A companhia comunicou ainda que espera gerar sinergias operacionais e de custo com a incorporação da instituição ao portfólio Wyden, marca do grupo já presente no Ceará.
A Unifametro possui dois campi — em Fortaleza e Maracanaú — e um polo de ensino a distância em Caucaia. Segundo dados da própria instituição e da Yduqs, a base atual é de cerca de 8 mil alunos, com predominância presencial: aproximadamente 6,3 mil estudantes na graduação presencial, cerca de 1 mil no EaD e 800 na pós-graduação. A Yduqs destacou que 94% da base presencial está concentrada em Fortaleza, o que torna a operação particularmente relevante para a expansão da marca Wyden na capital cearense.
Além do preço de compra, o acordo prevê uma cláusula de earn-out vinculada à obtenção de vagas adicionais para o curso de Medicina. A Yduqs detalhou que o valor do earn-out é de R$ 1,2 milhão por vaga adicional eventualmente concedida, com as mesmas condições de pagamento do preço de aquisição (50% à vista e 50% em cinco anos). Essas vagas podem advir do Programa Mais Médicos III, em Maracanaú, ou por meio de um processo judicial em Fortaleza. A companhia estabeleceu uma condição temporal: se as vagas não forem autorizadas em até dois anos, haverá um desconto anual sobre o valor do earn-out — 20% ao ano para vagas pelo Mais Médicos III e 15% ao ano para as decorrentes do processo judicial.
Riscos e condições regulatórias. A conclusão da transação está condicionada à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e a outras condições estipuladas pelas partes, informou a Yduqs. No campo educacional, a possibilidade de ampliação de vagas de Medicina depende de autorizações do Ministério da Educação (MEC) e de decisões judiciais, conforme previsto na cláusula de earn-out. Esses dois vetores — análise do CADE e autorização do MEC/andamentos judiciais — determinam tanto o fechamento efetivo quanto a materialização do pagamento adicional vinculado às vagas médicas.
Do ponto de vista financeiro-operacional, a Yduqs projetou que a operação elevará a eficiência do segmento presencial e contribuirá para uma relação EV/EBITDA estimada em 2,6 vezes até 2027, após implementação das sinergias anunciadas. A companhia enfatiza que a incorporação da Unifametro ao grupo Wyden reforçará seu posicionamento em uma região considerada estratégica para seu crescimento.
Impactos para estudantes e corpo docente. As comunicações oficiais da Yduqs apontam para ganhos de eficiência e sinergias operacionais como os principais objetivos da integração. Esses ganhos costumam envolver centralização de processos acadêmicos e administrativos, padronização de políticas acadêmicas e readequação de estruturas para reduzir custos e melhorar escala. No entanto, os documentos públicos da empresa não detalham medidas específicas sobre manutenção de cursos, mudanças imediatas na grade curricular, planos de investimentos em infraestrutura ou políticas de pessoal para docentes e técnicos. A concretização de novas vagas de Medicina — se autorizada pelo MEC ou resultante de decisões judiciais — pode ampliar oferta formativa na região e alterar o perfil de matrículas presenciais, mas essa expansão segue sujeita às aprovações mencionadas.
Concorrência regional e consolidação. Com a inclusão da Unifametro na rede Wyden, a Yduqs passa a concentrar uma fatia maior do ensino superior presencial em Fortaleza e região metropolitana. A própria empresa estima que a Wyden atingirá cerca de 14 mil estudantes no Ceará após a integração. Esse movimento reforça a tendência de consolidação do ensino superior privado em mercados regionais, elevando o poder de alcance do grupo frente a outras instituições locais. O acompanhamento do CADE será determinante para avaliar eventuais efeitos concorrenciais.
Em síntese, a transação combina um preço fechado (R$ 62 milhões), uma estrutura de pagamento mista (à vista e parcelada), metas contingentes atreladas a vagas de Medicina e condicionantes regulatórias relevantes. A materialização dos efeitos prometidos — desde sinergias até novos cursos e vagas em Medicina — dependerá da tramitação no CADE, das autorizações do MEC e do desfecho dos processos judiciais mencionados na cláusula de earn-out. Até que esses marcos se concretizem, as mudanças operacionais e seus impactos diretos sobre estudantes e corpo docente continuam sujeitas a incertezas.