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Roubos de cabos, golpes online e loteamentos clandestinos afetam comércio e famílias em Arapiraca

19 de ago. de 2025google
Crimes contra o comércio em Arapiraca

Roubos de cabos, golpes online e loteamentos clandestinos afetam comércio e famílias em Arapiraca

Ações de fiscalização recuperam mais de 86 kg de fios; polícia investiga venda de terrenos em área de preservação e vítimas conseguem reaver bem em golpe com freezer

Três frentes de crime que atacam a atividade comercial e a segurança econômica da população têm registrado movimentação policial em Arapiraca nas últimas semanas: a receptação de material furtado em comércio de sucata, golpes em vendas pela internet e a venda clandestina de terrenos em área de preservação ambiental. Em cada caso, autoridades públicas atuaram e as vítimas buscaram registros formais para tentar reverter prejuízos.

Na ação mais objetiva de recuperação de bens, uma checagem de rotina da distribuidora Equatorial Alagoas levou à apreensão de material em um comércio de sucata no bairro Baixa Grande. Conforme relatório da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL), a equipe técnica da distribuidora encontrou e, com apoio da Polícia Militar, encaminhou à Central de Polícia Civil de Arapiraca 81,5 kg de fios de cobre e 4,8 kg de cabos de alumínio, totalizando 86,3 kg. No local, foi lavrado boletim de ocorrência contra o dono do estabelecimento por receptação, segundo o registro citado pela SSP/AL e pela Equatorial Alagoas.

Em paralelo, um golpe envolvendo a venda de um freezer anunciado em plataforma online gerou registro policial e um desfecho incomum. A proprietária do eletrodoméstico relatou que combinou a venda por R$ 2.500, mas o suposto comprador enviou um terceiro — apresentado como “primo” — para retirar o item antes de efetuar o pagamento por Pix. O valor prometido não foi transferido. A vendedora fotografou a placa do veículo que levou o produto, localizou o recolhedor e, ao abordá‑lo, soube que ele também havia sido enganado: disse ter pago R$ 1.000 a um golpista que se fez passar por intermediário. Diante do caso, os envolvidos registraram boletim de ocorrência e, após acordo entre as partes, o freezer foi devolvido à dona e o comprador enganado recebeu o reembolso de R$ 1.000, conforme relato das vítimas às autoridades.

Mais complexo, do ponto de vista social e ambiental, é o esquema investigado pela Delegacia de Crimes Ambientais e Proteção Animal (DCAPA) da Polícia Civil de Alagoas no bairro Riacho Doce, na região litorânea. A investigação apura ocupação ilegal de uma área particular que inclui trecho de Mata Atlântica e é classificada como área de preservação permanente. Segundo as apurações citadas pela DCAPA, um grupo estaria loteando e comercializando esses lotes de forma clandestina, vendendo terrenos a famílias em situação de vulnerabilidade social. O delegado Robervaldo Davino, titular da DCAPA e do 6º Distrito Policial, informou que alguns suspeitos já foram identificados e que as apurações abarcam tanto os crimes ambientais quanto o estelionato praticado contra as famílias.

As autoridades destacam medidas distintas adotadas em cada caso. No episódio com fios de cobre e cabos de alumínio, a ação foi desencadeada pela própria distribuidora, que fez a inspeção técnica e acionou a Polícia Militar para que o material pudesse ser entregue à Polícia Civil e registrada a receptação. No caso do freezer, a iniciativa das vítimas em obter detalhes do veículo e registrar boletim de ocorrência foi crucial para a devolução do bem. Na investigação dos loteamentos, a DCAPA tem recomendado cautela à população e reforçado que a comercialização de terrenos em áreas protegidas ou sem documentação é ilegal.

Além das investigações policiais, há atuação administrativa voltada ao combate de irregularidades comerciais. A Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz/AL) relatou operação em Arapiraca que identificou, por meio do sistema de monitoramento de cargas (trânsito inteligente), uma nota fiscal irregular ligada à venda de bebidas para um evento privado. A nota apresentava inconsistência entre emissor e destinatário, o que levou à retenção das mercadorias e ao recolhimento do imposto devido, resultando em R$ 272 mil aos cofres públicos. Autoridades da Sefaz, como a superintendente especial Alexandra Vieira e o superintendente de Fiscalização Luiz Augusto, ressaltaram que a tecnologia de monitoramento e a fiscalização têm caráter tanto punitivo quanto educativo para coibir práticas ilegais.

As respostas das instituições às três modalidades de crime registradas em Arapiraca convergem em elementos práticos apontados pelas próprias fontes: registro de boletim de ocorrência, atuação policial especializada (como a DCAPA para crimes ambientais), ações de fiscalização administrativa e investigação para identificar e responsabilizar os envolvidos. A DCAPA orienta explicitamente que a população verifique a legalidade antes de fechar negócios imobiliários, enquanto a Sefaz demonstra a importância de conferir documentação fiscal em operações de maior porte.

Os casos expostos mostram diferentes faces do comércio ilícito: a receptação de materiais furtados que alimenta o mercado de sucatas, golpes de estelionato que exploram a confiança em negociações online e esquemas de loteamento que atingem famílias vulneráveis e o meio ambiente. As medidas em curso — apreensões, boletins de ocorrência, investigações policiais e fiscalizações administrativas — são as respostas institucionais registradas pelas fontes envolvidas.

Enquanto as apurações prosseguem, as instituições ouvidas pedem atenção da população à documentação e aos procedimentos formais: registrar ocorrências, exigir comprovantes e notas fiscais, e confirmar a regularidade de transações imobiliárias em áreas potencialmente protegidas são ações repetidas pelas autoridades responsáveis pelos casos relatados.