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Algodão transforma Luís Eduardo Magalhães em polo econômico e comercial do Oeste baiano

19 de ago. de 2025google
Algodão e comércio em Luís Eduardo Magalhães

Algodão como motor econômico em Luís Eduardo Magalhães

Luís Eduardo Magalhães (LEM), no Oeste da Bahia, deixou de ser apenas uma cidade produtora para se tornar um polo de comércio e logística vinculado à cadeia do algodão. A transformação se apoia na expansão da cotonicultura regional, que, segundo a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e entidades do setor, criou demanda por fornecedores, serviços e infraestrutura — do varejo local a operadores portuários responsáveis pelo escoamento da safra.

Produção e dimensão regional

Dados citados pela Abapa, referenciados em levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), colocam a Bahia como o segundo maior produtor nacional, com previsão de 1,78 milhão de toneladas em 2025 e potencial de chegar a 1,95 milhão de toneladas em até 408 mil hectares cultivados. Esse volume sustenta a concentração de atividades no Oeste baiano e explica por que Luís Eduardo Magalhães se firmou como nó logístico do grão.

Logística e exportação: da fazenda ao porto

Operadores e exportadores destacam a integração entre produção e logística como elemento-chave. Em evento promovido pela Wilson Sons em LEM, o diretor executivo do Tecon Salvador, Demir Lourenço, informou que os investimentos no terminal já superam R$ 1 bilhão e que a modernização — com equipamentos e certificações como ABR-Log e Redex — amplia a capacidade de atender volumes maiores, oferecer janelas de embarque mais flexíveis e garantir rastreabilidade e segurança no embarque do algodão. Essas melhorias tornam o porto mais competitivo diante dos exportadores do Oeste baiano.

Mercados internacionais e projeções

Do lado da demanda, a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (ANEA) apontou perspectivas favoráveis, com foco em mercados asiáticos como Vietnã, Paquistão, China e Bangladesh, além da Turquia. O presidente da ANEA, Dawid Wajs, projetou quase 3 milhões de toneladas exportadas para a safra, ressaltando o papel do Brasil como grande fornecedor global e do Oeste baiano como pilar dessa competitividade.

Efeitos locais: empregos, comércio e serviços

O crescimento da atividade produtiva e a demanda por escoamento tiveram reflexos diretos na economia municipal. A Abapa e autoridades locais vêm destacando que a cotonicultura gera milhares de empregos diretos e indiretos, movimenta cadeias logísticas e industriais e amplia o mercado para fornecedores de insumos, transporte e armazenagem. Na prática, isso se traduz em maior consumo no varejo, surgimento de oficinas e prestadores de serviços, expansão do setor imobiliário e demanda por mão de obra técnica — formação e contratação que aparecem em eventos e feiras do setor realizados na região.

Integração entre atores e perspectiva de agregação de valor

Os eventos realizados recentemente na região — como o I Bahia Cotton Network, promovido pela Wilson Sons em Luís Eduardo Magalhães, e o Dia do Algodão promovido pela Abapa — mostram a agenda de aproximação entre produtores, exportadores, operadores logísticos, indústria têxtil e pesquisa. A presidente da Abapa, Alessandra Zanotto Costa, ressaltou a importância do associativismo e da integração entre elos da cadeia para ampliar competitividade e presença em mercados exigentes. Autoridades estaduais presentes a eventos na região também defenderam avanços em infraestrutura e políticas públicas que possibilitem agregar valor à produção, com vistas a ampliar renda local e empregos.

O que muda para a cidade

Para Luís Eduardo Magalhães, a consolidação como polo cotonicultor significou não só maiores fluxos de transporte e movimentação de cargas, mas também o fortalecimento de um mercado doméstico mais diversificado. Fornecedores de máquinas e equipamentos agrícolas, prestadores de serviços de manutenção, empresas de transporte e logística, além de um comércio varejista mais robusto, vêm atendendo uma base produtiva crescente. Ao mesmo tempo, a interlocução com terminais como o Tecon Salvador e a presença de associações nacionais aproximam a cidade de decisões que afetam desde a colheita até o destino final do algodão no mercado internacional.

Em síntese, a cotonicultura consolidou Luís Eduardo Magalhães como um polo econômico regional ao criar demanda por serviços e comércio, ao conectar a cidade a cadeias logísticas e de exportação e ao promover interações entre produtores, operadores portuários e entidades exportadoras. Abapa, ANEA, operadores como Wilson Sons e terminais como o Tecon Salvador aparecem como atores centrais nesse movimento, que combina produção em campo, investimento em infraestrutura e acesso a mercados externos.