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Queda forte nos preços de cenoura, batata, cebola e alface beneficia consumidor e reduz renda de produtores em Minas e Araxá

19 de ago. de 2025google
Queda dos preços de hortaliças: benefício ao consumidor e risco para produtores em Minas e Araxá

Queda forte nos preços de cenoura, batata, cebola e alface beneficia consumidor e reduz renda de produtores em Minas e Araxá

Oferta abundante no atacado puxa os preços para baixo; produtores relatam perda de rentabilidade e alterações na condução da colheita

Os consumidores mineiros têm sentido alívio no bolso com a queda de preços de hortaliças como cenoura, batata, cebola e alface, registrada no mercado atacadista. Mas a mesma dinâmica que barateia a cesta básica está gerando preocupação entre agricultores do estado: segundo a Emater-MG, a oferta elevada e o calendário de safra explicam a pressão de baixa, e produtores já relatam perda de rentabilidade e práticas de adaptação.

Dados compilados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram uma redução abrupta no preço da cenoura: a caixa de 29 kg da cenoura suja foi negociada a R$ 15,25 em abril de 2025, contra R$ 108,00 em abril de 2024. Na Ceasa Minas, o mercado atacadista de Contagem, o preço do quilo da cenoura caiu de R$ 2,16 em julho de 2024 para R$ 1,44 em julho de 2025 — uma redução próxima a 33% entre os dois meses comparados.

A batata também mostra queda relevante. Levantamento citado pelo veículo local aponta média de R$ 37 por saca da batata ágata especial em Belo Horizonte entre 21 e 25 de julho, com redução de 4,6% no período. Comparações ano a ano mostram preços no atacado muito mais baixos: o quilo da batata foi informado em R$ 5,56 há um ano, frente a R$ 1,73 em julho deste ano, segundo os relatos apurados.

No caso da cebola, o mercado enfraquecido pelo pico de safra pressionou a saca de 20 kg da cebola amarela híbrida para uma média de R$ 18,92 em Minas Gerais, queda de 17,8% no comparativo informado. O alface, por sua vez, sofre queda de preço em função da redução de demanda típica do inverno: a Emater-MG explicou que o consumo de folhosas diminui na estação, o que agrava a pressão sobre os valores.

Para a Emater-MG, a explicação central é a oferta abundante combinada ao calendário das safras. Georgeton Soares, coordenador técnico estadual de Olericultura da Emater-MG, afirmou que a boa oferta de cenoura, batata e cebola no mercado contribuiu diretamente para a queda dos preços. A mesma avaliação aparece nas medições do Cepea e nas cotações registradas na Ceasa Minas, que refletem as transações no atacado em Contagem.

Enquanto isso, produtores do Triângulo Mineiro, região que abastece parte do mercado atacadista de Minas, relatam efeitos diretos na renda. A reportagem registrou que o recuo de preços tem levado agricultores a escalonar a colheita — prática de adiar ou fracionar a colheita para tentar reduzir oferta concentrada e obter preços melhores — diante da falta de mercado para absorver a produção no curto prazo. A Emater-MG alertou também que essa redução de rentabilidade preocupa os produtores.

Do ponto de vista do consumidor final, a queda de preços no atacado costuma se traduzir em alívio no varejo, embora exista defasagem e diferentes margens entre atacado e varejo. A Ceasa Minas, como praça atacadista, é instrumento importante para a formação de preços que chegam aos supermercados e feiras, e as quedas registradas no atacado foram apontadas como determinantes para a redução percebida nas gôndolas e quitandas.

O quadro atual expõe um dilema clássico na cadeia de alimentos: a mesma oferta que aumenta o acesso à alimentação e reduz o gasto das famílias pode comprometer a sustentabilidade econômica de quem produz. Entre as respostas já observadas no campo estão o escalonamento de colheita e a busca por ajustar o fluxo de vendas ao mercado disponível; até o momento, as fontes consultadas — Emater-MG, Cepea e cotações da Ceasa Minas — não detalharam medidas institucionais específicas além do acompanhamento técnico sobre a evolução da oferta e preços.

Para produtores, a queda amplia a urgência de estratégias que permitam reduzir custos e encontrar canais alternativos de comercialização, assim como de informações técnicas que ajudem a planejar safras e colheitas. Para consumidores em Minas e em cidades como Araxá, o efeito imediato é a economia, ainda que temporária, no valor pago por itens básicos da alimentação.

Fontes consultadas: avaliação técnica da Emater-MG (Georgeton Soares), dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e cotações registradas na Ceasa Minas, conforme reportagens locais que acompanharam o movimento de preços nas hortaliças.