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Expansão empresarial em Minas impulsiona comércio em Patos de Minas, mas alta nos encerramentos acende sinal de alerta

19 de ago. de 2025google
Expansão empresarial em Minas e impacto no comércio de Patos de Minas

Expansão empresarial em Minas impulsiona comércio em Patos de Minas, mas alta nos encerramentos acende sinal de alerta

Minas Gerais começou o segundo semestre de 2025 com aceleração na formalização de empresas: segundo a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (Jucemg), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede‑MG), foram 69.304 novos empreendimentos entre janeiro e julho — alta de 20,8% em relação ao mesmo período de 2024. Em julho, o estado teve 10.906 aberturas, 8,31% acima do ano anterior.

Os números estaduais trazem reflexos claros para municípios médios: Patos de Minas figura no ranking municipal da Jucemg com 131 aberturas em julho e 836 no acumulado do ano. No recorte setorial apresentado pela própria Jucemg, os serviços lideram o crescimento (51.505 novas empresas, alta de 23,84%), seguidos pelo comércio (14.622; +13,11%) e pela indústria (3.177; +11,24%). Esses dados ajudam a explicar por que o comércio e a oferta de serviços em cidades como Patos de Minas têm registrado movimento mais intenso de empreendedores.

Autoridades estaduais atribuíram o desempenho a medidas de estímulo: a secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mila Corrêa da Costa, apontou que políticas públicas têm criado um ambiente empresarial mais favorável, enquanto a presidente da Jucemg, Patricia Vinte Di Iório, destacou a simplificação de processos, a redução da burocracia e a ampliação da segurança jurídica como fatores que estimulam o empreendedorismo.

Na prática, a expansão traz oportunidades palpáveis para o comércio local. O crescimento no número de estabelecimentos tende a ampliar a oferta de produtos e serviços, estimular a concorrência e diversificar o atendimento ao consumidor. A presença de Patos de Minas entre os municípios com maior número de formalizações sugere dinamismo econômico regional que pode atrair investimentos e criar empregos no varejo e em serviços ligados ao consumo diário.

Ao mesmo tempo, os indicadores revelam um cenário de alta rotatividade: de janeiro a julho, 53.941 empresas encerraram atividades em Minas, um aumento de 49,20% ante o mesmo período de 2024 (36.154). Só em julho, foram 7.780 extinções. A Jucemg também registra que os dados não incluem os Microempreendedores Individuais (MEIs), cujo registro é feito no Portal do Empreendedor do Governo Federal — uma ressalva importante para análises sobre sobrevivência e informalidade.

Em cidades médias como Patos de Minas, esse duplo movimento — muitas aberturas simultâneas a um número elevado de encerramentos — aponta para desafios na sustentabilidade dos negócios. A trajetória do empreendedorismo local pode ser observada em exemplos próximos: em Vazante, no Noroeste de Minas, o caso do empreendedor Wellington Gonçalves, da Lanchonete do Mamute, ilustra tanto as oportunidades quanto as dificuldades. Wellington transformou uma iniciativa inicial em empreendimento ao diversificar produtos, estruturar operação e contar com apoio do Sebrae Minas por meio do programa Prepara Gastronomia e consultorias de gestão, finanças e marketing. Esse suporte foi determinante para a produção de uma salsicha artesanal e para a ampliação do negócio, com contratação de funcionárias e prestação de serviços em eventos.

O exemplo evidencia dois pontos que se repetem em municípios médios: o potencial de nichos (como alimentação e eventos) para gerar renda local e a importância de capacitação, consultoria e acesso a apoio técnico para transformar aberturas em empresas duradouras. Sem essas condições, a alta nos encerramentos sugere que muitos negócios podem não sobreviver ao período inicial de operação ou às pressões do mercado.

Portanto, o quadro em Minas conjuga avanço e vulnerabilidade. As políticas estaduais citadas por Mila Corrêa da Costa e Patricia Vinte Di Iório parecem favorecer a formalização em massa, sobretudo nos serviços, mas a escalada nos encerramentos, aliada à exclusão dos MEIs das estatísticas principais, impõe cautela ao traçar conclusões sobre qualidade e sustentabilidade desse crescimento. Para Patos de Minas, os números apontam oportunidade para ampliação do comércio e dos serviços, mas também ressaltam a necessidade de mecanismos locais — capacitação, apoio técnico e adaptação a demandas do mercado — que ajudem a converter a onda de aberturas em negócios permanentes.